Roncar é muito mais que uma situação embaraçosa e incômoda. O ronco é um transtorno, não uma doença. Falamos de doença apenas quando há uma causa determinada. Em Medicina do Sono falamos em transtornos do sono, pois muitos são os fatores que podem ocasioná-los. No caso do ronco há vários fatores que influenciam o seu surgimento. Na verdade basta uma pessoa ter uma língua com a musculatura mais flácida para que ronque. Ou um palato mais baixo, o que facilita a sua vibração.
Pessoas que roncam geralmente preferem dormir de lado ou em posição ventral, de barriga para baixo, o que projeta a língua pela gravidade, melhorando a passagem do ar por trás da língua, favorecendo a respiração. Quem ronca geralmente ronca mais alto quando de barriga para cima (aí fica uma dica para os roncadores, durmam de lado ou de barriga para baixo, na medida do possível, até o tratamento adequado). Mas o ronco pode ser devido além do relaxamento da língua, pela deposição de gordura nas regiões posteriores da garganta, razão pela qual as pessoas mais gordas tenderem a roncar mais. Rinite também é um fator que desencadeia ou agrava o ronco. Assim, o cuidado nasal já pode melhorar significativamente o ronco. Há várias formas de cuidar da rinite, algumas bastante simples, e a avaliação de um expert no assunto ajuda em muito.
O ronco já está associado a problemas cardiovasculares e se não tratado adequadamente pode evoluir, trazendo inúmeros riscos à saúde.
Roncar é extremamente comum. Crianças podem roncar, especialmente quando apresentam tecidos inflamados na região da garganta e do nariz. Os homens roncam mais que as mulheres. No entanto as mulheres após a menopausa passam a roncar cada vez mais, fato relacionado a diminuições hormonais. Uma em cada oito pessoas ronca, com uma maior porcentagem no sexo masculino (40% dos homens adultos e 30% das mulheres), tornando-se mais frequente com o avançar da idade. O ronco parece estar presente no sono de 60% das pessoas com mais de 60 anos, sendo três vezes mais comum em obesos do que em magros.
O que é:
O Ronco é a vibração relacionada à obstrução parcial das vias aéreas superiores. (veja vídeo). Quando há a obstrução total da passagem do ar e dura mais de 10 segundos no adulto (ou dois ciclos respiratórios na criança) é denominado apnéia obstrutiva do sono.
Causas:
Dentre os principais fatores que ocasionam o ronco, destacam-se:
- Fatores genéticos ( a tonicidade do músculo da língua apresenta variações e as alterações dos ossos da face e a hipoplasia da mandíbula (retrognatia = projeção da mandíbula para trás), são condições que podem favorecer o estreitamento da passagem do ar por trás da língua);
- ganho de peso e obesidade;
- deposição de gordura na região cervical (pescoço), estreitando a passagem de ar (o pescoço de maior diâmetro está associado ao ronco e a apnéia);
- uso de álcool e diazepínicos (diazepam, clonazepam, bromazepam, lorazepam entre outros calmantes tarja preta), pois relaxam os músculos;
- adenóides e amígdalas grandes;
- desvio de septo;
- pólipos nasais;
- contato das paredes musculares da faringe, que têm diminuição do seu tônus induzido pelo repouso e/ou envelhecimento;
- obstrução nasal, rinites, sinusites;
- aumento do volume de secreção e muco.
O desvio de septo, por si só, não ocasiona o ronco na maioria das vezes. Por exemplo, caso o desvio do septo não tenha causa traumática, uma pessoa que começa a roncar após os 30 anos não tem o desvio de septo como causa principal do roncar. Outros fatores, a maior parte deles de tratamento clínico, podem ser os principais causadores do ronco.
O ronco por si só pode promover microacordares (que podem ser avaliados em clínicas especializadas) ocasionando cansaço e sonolência tanto para o roncador como para aqueles que dividem o quarto ou mesmo a moradia com ele.
O roncador sempre foi considerado uma persona non grata, em especial quando divide o quarto com outras pessoas, como nas viagens. O ronco tem sido motivo da separação de casais (cada um dorme em quartos separados) e muitas vezes é motivo de chacota. Mas a verdade é que o ronco é um problema sério, um transtorno que tem causas geralmente múltiplas e que necessita e merece ser tratado por um especialista na área.